A maior e mais longa seca do Brasil coloca em risco até biomas como o Pantanal
A maior seca da história brasileira atinge 1400 municípios e mais de 12 milhões de pessoas que estão, há mais de 100 dias, sem uma gota de chuva. O que era uma realidade isolada no semiárido nordestino, agora está presente em forma de fumaça preta em praticamente todas as regiões do Brasil. Sem exceção! Guardadas as devidas proporções, estamos a experimentar o que para o povo sertanejo sempre foi a regra.
Pelas bandas do Sudeste, na capital de Minas Gerais, não chove desde o começo do mês de maio. São Paulo, a maior metrópole da América Latina, registrou por três dias seguidos a pior qualidade do ar do mundo. Sem falar nas queimadas que estão presentes em quase todo o estado paulista.
No Norte do país, os rios estão cada vez mais secos e cidades estão isoladas. A ausência de vasão nos rios ameaça a economia de polos econômicos importantes como a Zona Franca de Manaus. No Nordeste, mais da metade da região está sob classificação de seca. Inclusive, os municípios que não pertencem ao semiárido.
No Sul, foi observado em vários municípios do Rio Grande do Sul uma chuva preta que de acordo com a Universidade Federal de Pelotas foi provocada pela fumaça dos incêndios. Meteorologistas alertam para uma futura estiagem na região.
E sobre o Centro - Oeste, além do fogo que se alastra sobre a vegetação seca, uma notícia confirmada pelo próprio Ministério do Meio Ambiente chocou os brasileiros preocupados com as questões ambientais: se tudo continuar como está, podemos perder o Pantanal até 2070. E isso não é alarmismo, é ciência.
Até o dia 10 de setembro, o Brasil acumulava 5.132 focos de incêndios, mais da metade deles no Cerrado brasileiro. Isso quer dizer que 75% de todas as queimadas na América do Sul estão concentradas no território brasileiro.
Por: Filipe Chicarino - é jornalista, mestre em Sociologia Política e especialista em histórias humanizadas.
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