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Um treinador linha dura: um amigo e conselheiro.

Descoberto aos 9 anos de idade jogando bola na rua, no interior de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, Adilson da Fonseca Mendonça, conhecido com Mendonça, lateral direito, é hoje treinador de futebol do Instituto Água Viva- IAV, em Aguada Nova, distrito de Lapão-BA.

Mendonça se tornou jogador profissional aos 18 anos de idade pelo Bangu-RJ, e em oito anos passou por nove clubes esportivos, como: Olímpico de Bom Jesus-RJ, Rio Branco-ES e encerou a carreira em 1994 no Esportiva de Guaratinguetá-SP. Fundador do CTM – Centro de Treinamento Mendonça, na Praia da Costa- Vila Velha-ES, onde em 23 anos já treinou mais de 4.000 mil crianças e adolescentes.

Em Janeiro de 2018, Mendonça foi convidado para visitar uma base social do Sertão e seu coração foi fisgado por crianças sem muitas expectativas e sonhos, e próximas demais dos perigos das drogas, porém, ávidas por uma oportunidade. “ Por três meses eu fiz uma ‘caminha entre amigos’, um projeto onde visitávamos as famílias. A região era pesada, tinha uma praça conhecida como praça do criminoso e nós a transformamos em praça da família, e assim nasceu o desejo de me dedicar àquelas crianças,” lembra o início.

Atualmente Mendonça treina 289 alunos, sendo 60 meninas – boas de bola, diga-se de passagem, entre 06 a 17 anos, em seis povoados de Lapão-BA, que também ganham um amigo e um conselheiro. Um trabalho bem diferente daquele acostumado em 12 anos de escolinha de praia… No Sertão o jogo é duro, realizado debaixo de sol forte que chega a 40C, em campo de pedregoso, algumas poucas vezes em quadra cedida por uma escola, mas não é o padrão das comunidades rurais e quilombolas.

BOM DE BOLA – BOM DE NOTA.

Todos os alunos precisam estar matriculados na escola secular e são acompanhados nos estudos e nas notas. Quem não passa, não permanece. Com essa ‘dura regra’ muitos se tornaram bons alunos nas escolas, e hoje pelo menos 03 já estão decididos em fazer faculdade de educação física. “Estou preparando a nova geração para me substituir”, comora Mendonça.

“Os perigos das drogas no sertão são grandes. Muitas crianças ficam grávidas ainda na adolescência. O ócio é terrível e o esporte vem preencher uma lacuna como poucos projetos conseguem. Além de ensinar prática esportiva, ensinamos fundamentos para a vida, ética, cidadania, respeito, amor ao próximo e a Deus. Eu sei bem o que aquelas crianças passam, aos 14 anos morei debaixo da arquibancada de um time, no interior do Rio de Janeiro, até conseguir uma oportunidade de entrar em na categoria de base, e é essa a experiência que me leva a ter ainda mais paixão pelo que faço hoje.” Conta com lágrimas.

Para quem conhece Mendonça não é difícil de ver essa cena, não conta uma história, sem lágrimas nos olhos e voz embargada. É apesar de ser um treinador linha dura, é amigo e conselheiro. Ama o que faz e ama o próximo. Sua família o acompanha no Sertão, e quando perguntado quando volta, ele reponde: Se depender de mim? NUNCA MAIS!

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